ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 26-11-2002.

 

 


Aos vinte e seis dias do mês de novembro do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e treze minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo n° 131/02 (Processo n° 2215/02), de autoria do Vereador João Carlos Nedel. Compuseram a MESA: o Vereador João Carlos Nedel, 1° Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia; o Senhor Erni Vitoiper, Presidente da Fundação Pastoral Intermerífica; o Monsenhor Augusto Dalvit, Homenageado. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, convidou o Vereador Elói Guimarães a assumir a direção dos trabalhos. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Carlos Nedel, em nome das Bancadas do PPS e PSB, justificou os motivos que levaram Sua Excelência a propor a concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit, enaltecendo a dedicação sempre demonstrada por Sua Excelência Reverendíssima no exercício de suas atividades sacerdotais e na área da comunicação social, buscando levar a palavra de Deus a todos. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, exaltou a qualidade e a relevância do trabalho de orientação espiritual realizado pelo Monsenhor Augusto Dalvit através do exercício do sacerdócio, afirmando que Sua Excelência Reverendíssima é um exemplo a ser seguido, especialmente no que se refere à realização de trabalhos de natureza assistencial, voltados às pessoas menos favorecidas. O Vereador Ervino Besson, em nome da Bancada do PDT, teceu considerações sobre aspectos alusivos à vida pessoal e à trajetória religiosa do Monsenhor Augusto Dalvit, destacando a importância do trabalho desenvolvido por Sua Excelência Reverendíssima junto à comunidade porto-alegrense, especialmente através da assistência a pessoas portadoras de enfermidades e como Capelão do Hospital Ernesto Dornelles. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, prestou sua homenagem ao Monsenhor Augusto Dalvit, afirmando a justeza da honraria hoje concedida pela Câmara Municipal de Porto Alegre a Sua Excelência Reverendíssima e abordando aspectos referentes à atuação do Homenageado no campo da comunicação social, através de sua participação em diversos programas religiosos de rádio e televisão. O Vereador Beto Moesch, em nome da Bancada do PPB, saudou o Monsenhor Augusto Dalvit pelo recebimento, hoje, do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, citando diversas ações sociais e religiosas das quais participou o Homenageado e comentando a importância da utilização dos meios de comunicação de massa para a veiculação de programas destinados à evangelização da população rio-grandense e brasileira. Em continuidade, o Vereador João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos, e a Senhora Zélia Caetano Braun procederam à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, foi realizada apresentação artística pelo cantor Ernesto Fagundes, que interpretou a canção “Graças Dou Por Esta Vida”. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Carlos Nedel e Elói Guimarães, este nos termos do artigo 13, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit. Compõem a Mesa: o Sr. Monsenhor Augusto Dalvit; o Dr. José Sperb Sanseverino, ilustre Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Sr. Erni Vitoiper, Presidente da Fundação Pastoral Intermerífica.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Esta Sessão Solene decorre de Projeto de Lei proposto por este Vereador e aprovado pela unanimidade dos Vereadores que compõem esta Casa e que representam a totalidade dos porto-alegrenses. É uma honra para esta Casa realizar a presente Sessão Solene, que faz justiça a um homem dessa estirpe.

Neste momento passo a presidência dos trabalhos ao ilustre Ver. Elói Guimarães, pois pretendo me manifestar.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Honra-me sobremodo presidir, por algum espaço, a presente Sessão Solene, ao lado dessa figura do sacerdócio, Monsenhor Augusto Dalvit e do meu querido e amável Professor de Direito na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Prof. José Sanseverino.

O Ver. João Carlos Nedel, autor da proposta, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

“Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.”

Estas palavras do Criador, extraídas do Antigo Testamento, indicam a primeira e mais importante vocação do ser humano, após sua entrada na vida terrena. Ser santo.

Mas o que vem a ser isso? O que significa ser santo?

Ser santo é o modo cristão de viver diariamente, refletindo o caráter de Deus no modo de agir e de ser.

Ser santo é agir corretamente, por decisão própria, consciente, constante, sempre seguindo a vontade de Deus, conforme revelada na Bíblia e, particularmente, no Santo Evangelho de Cristo.

Assim podem ser - e de fato são - os santos do terceiro milênio.

O Papa João Paulo II, que é um pregador incansável da santidade, disse certa vez, que “A santidade é a plenitude da vida. Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano.”

Pois bem. A maioria das pessoas, quando pensa em santos, pensa apenas naquelas figuras que estão nos altares das igrejas, que lhes parecem distantes de nosso próprio mundo e fora de nossa própria realidade.

E, por assim pensarem, não se dão conta de todos aqueles santos com os quais convivem diariamente, pessoas especiais, sim, mas que estão inteiramente identificadas com o nosso tempo, os nossos costumes e os nossos destinos.

Ao imaginarem santos, no máximo, as pessoas pensam em gente como Madre Tereza de Calcutá e o Padre Reus.

Pois eu quero lhes falar de alguém de nosso convívio diário, conhecido de tanta gente, admirado por muitos, incompreendido por alguns poucos, mas verdadeiramente amado pela maioria.

Quero lhes falar de um homem cuja vida tem sido santa, no mais amplo conceito que a palavra possa ter.

Alguém que, com o mesmo entusiasmo e a mesma entrega à vontade de Deus, soube ser auxiliar em paróquias, pároco em outras e cura da Catedral.

Que, em sendo um homem vocacionado para a comunicação social, foi o primeiro sacerdote a oficiar a Santa Missa, de forma regular e contínua, pela então TV-Piratini, levando a palavra de Deus até os lares porto-alegrenses, de forma pioneira e inovadora; que ajudou a fundar a Rádio Aliança, que há tantos anos vem espalhando o amor de Deus pelo ar e onde apresenta um programa diário e mais três semanais; que já escreveu vários livros e centenas e centenas de artigos para revistas e jornais; que há quarenta anos se dedica ao serviço dos enfermos no Hospital Ernesto Dornelles, onde é Capelão; que tem dedicado sua vida ao atendimento aos mais pobres, de que fez alvo amorável e preferencial; que completará, no próximo dia 28 de dezembro, cinqüenta e cinco anos de ordenação sacerdotal, tempo esse inteiramente devotado ao serviço do povo de Deus.

Esse é o nosso homenageado de hoje: Monsenhor Augusto Dalvit, a quem a Casa do Povo de Porto Alegre hoje concede o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, que tive a honra de propor e a alegria de ver aprovado pela unanimidade de meus pares.

De modo especial, destaco a inserção, nesta homenagem, da Bancada do PPB – Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra de integrar, na companhia dos ilustres Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal e Beto Moesch, que devotam a Monsenhor Dalvit muito apreço e uma grande admiração.

E quero dizer que tenho especial carinho por Monsenhor Dalvit, pois foi o Sacerdote que deu assistência espiritual e acompanhou os últimos dias de minha saudosa mãe, confortando-a em seus momentos finais e ministrando-lhe a unção dos enfermos.

Tenho certeza de que a trajetória de minha mãe até o encontro com o Pai celeste foi plana, sem obstáculos e grandemente impulsionada pela intercessão de Monsenhor Dalvit, pois Deus não deixa de ouvir os seus santos.

Um amigo meu costuma se referir a Monsenhor Dalvit dizendo, simples e carinhosamente, “ele é um santinho de nossos dias”. É exatamente o que penso eu também.

Vejam se não tenho razão. Ao responder à consulta de praxe sobre se aceitaria esse Título, Monsenhor Dalvit, ainda que modestamente, colocou, quase que como uma condição, que fosse “para a glória de Deus, a quem amo, e o bem da Igreja, a quem sirvo”. Será para a glória de Deus, sim, Monsenhor Dalvit, pois Deus é glorificado nos seus santos. E será para o bem da Igreja, também, pois o Título que hoje o senhor recebe não é apenas uma honraria, que se esgota em seu simples recebimento.

Concedido pelo mérito de quem o recebe, o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre é também uma incumbência, um encargo e um compromisso com a Cidade e seu povo.

Integrar o Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre significa dispor-se a participar do estudo dos problemas de seu povo, que é o mesmo povo de Deus, a sua Igreja, e a oferecer a seus dirigentes o competente aconselhamento para resolvê-los.

Desse modo, o Título que o senhor ora recebe verdadeiramente glorifica a Deus e se torna, igualmente, mais um serviço à Igreja.

Certamente ele o distingue, sim, mas ele é também uma honra para quem o concede, pois permite que acolha em seu seleto elenco de colaboradores especiais, os Cidadãos Honorários de Porto Alegre, um grande cidadão, um homem de Deus, um santo do terceiro milênio.

Que Deus Nosso Senhor o abençoe e lhe dê longa vida. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel reassume a presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Adeli Sell está com a palavra e fala em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Coube-me a honra de falar pela minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, e trazer aqui, meu caro Monsenhor Augusto Dalvit, o nosso abraço, o nosso carinho e a nossa saudação pela trajetória de trabalho, trajetória de vida e dedicação àqueles que mais necessitam.

Como já disse muito corretamente o Ver. João Carlos Nedel: é dos pobres, dos mais fracos, dos oprimidos e dos excluídos que se precisa cuidar e ter uma atenção especial.

O senhor recebe este Título da cidade de Porto Alegre. É seu Cidadão Honorário. Eu tenho certeza que é por demais merecido, mas também tenho a convicção de que pelos dias de hoje, pela situação econômica e social em que vive o nosso País, nós podemos lhe fazer mais um pedido: continue trabalhando por quem mais precisa, por aqueles que precisam de uma palavra de conforto, que precisam do calor e da solidariedade humana; eu tenho a certeza de que, como disse o Ver. Nedel, por muitos e muitos anos ainda, o senhor fará esse trabalho pelo bem da nossa Cidade, pelo bem do nosso povo.

Quero dizer a todas e a todos que nos ouvem neste momento que precisamos nos guiar por exemplos, e mais do que nos guiarmos por exemplos, nós temos que ver as atitudes das pessoas; e as suas atitudes têm sido, até aqui, seja nas páginas dos jornais, eu lembro há muito, muito, tempo ao acompanhar, ler e depois ouvir palavras que são o reflexo de ações; uma palavra que não está vinculada a uma atitude pouco valor tem, ou nenhum valor tem; mas quando ela está vinculada a uma atitude concreta, uma ação, nós devemos ter atenção especial e seguir atitudes como as do senhor por esses anos e anos afora de sua vida.

Portanto, deixo aqui a minha saudação especial.

Quando o Ver. Nedel se referiu à Cúria Metropolitana, o Ver. Nedel, Ver. Garcia, eu e tantos outros Vereadores aqui temos participado, até porque sou vizinho mesmo da Catedral, e nós temos um carinho muito especial pela continuidade do trabalho ali desenvolvido.

Eu tenho a certeza de que o senhor deixou as pegadas muito bem à vista e que nós, sem dúvida nenhuma, vamos enxergá-las e segui-las pelo resto de nossas vidas, tendo no senhor um exemplo por suas boas e grandes atitudes. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Ervino Besson está com a palavra e falará em nome do PDT.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a honra de ver aqui nesta Casa, com muita alegria, o Irmão Lauri, Diretor da Sociedade Pobre Cego Divina Providência, a Irmandade São Miguel e Almas, várias irmãs e vários padres.

É uma pessoa muito querida e muito especial o nosso querido homenageado.

Vejo também aqui entre nós uma pessoa pela qual tenho um carinho muito grande, porque foi uma daquelas pessoas que, quando viemos do interior, mostrou-nos o caminho que deveria ser seguido numa Cidade grande como Porto Alegre. É a minha amiga, uma verdadeira mãe, sendo que naquela época eu comecei a estudar numa escola em que ela era Diretora, o Colégio Pio XII, e eu não tinha mais mãe naquela época. Digo do fundo da minha alma que é a Zélia Caetano Braun, que merece os aplausos de todos.

Augusto Dalvit nasceu em 28 de março de 1921, em Santa Teresa, Município de Guaporé, mesmo Município em que nasci. Filho de Francisco Dalvit e Josefina Mezzomo Dalvit. De uma família de dez irmãos, educada na fé cristã, aprendeu, desde a sua infância, o amor aos sacerdotes que freqüentavam a casa dos seus pais. Teve influência forte de um tio sacerdote, o Cônego Josué Bardin.

Atendendo ao pedido do Monsenhor João Benvegnú, pároco de São Domingos do Sul, onde residiam os pais do seminarista Augusto Dalvit, o Arcebispo Dom Alfredo Vicente Scherer lhe conferiu a Ordem Sacerdotal na Paróquia de São Domingos do Sul, em 28 de dezembro de 1947.

Ordenado sacerdote, foi nomeado Coadjutor da Paróquia de Santa Cecília, onde era pároco o seu amigo de infância, Padre Luiz Felipe de Nadal, mais tarde falecido como Bispo de Uruguaiana em acidente aéreo em Passo Fundo. O Bispo de Uruguaiana, Dom Luiz Felipe de Nadal, no dia em que faleceu, estava eu na Av. José Bonifácio, n.º 645 - talvez muitos aqui se lembrem de onde funcionava o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, e dele, com aquele jeito gauchesco, que gostava dos trajes de gaúcho -, quis ir a Passo Fundo. Diz ele ao hoje já falecido Cônego Paulo de Nadal: “Me leva no Aeroporto?” Extraordinária família de Nadal. Quando vejo esta família de Nadal me toca no fundo da minha alma. E fui eu e o falecido Cônego Paulo levá-lo ao aeroporto. O Padre Paulo tinha um jipe muito velho, que pulava. Chegando ao aeroporto, dizia ele assim: “Ainda bem que agora vou fazer uma viagem de avião, mais confortável, porque este teu jipe pula mais do que sapo.” Poucas horas após recebemos aquela triste notícia do acidente na entrada de Passo Fundo, onde ele veio a falecer. Foi o destino que traçou também com o nosso querido Dom Luiz de Nadal.

Monsenhor Augusto Dalvit tem uma dedicação toda especial aos doentes. Há quarenta anos é o Capelão do Hospital Ernesto Dornelles, onde permanece disponível durante as vinte e quatro horas do dia. Para que isso fosse possível, passou a residir nas residências do Hospital. No campo social, o cuidado dos enfermos constitui uma das formas de amor fraterno, por suas múltiplas exigências, dedicação contínua, dia e noite, do nosso homenageado Monsenhor Augusto Dalvit.

Mas eu vou lembrar mais uma passagem desse nosso convívio com o Monsenhor Augusto Dalvit. Muito colorado, muito amigo dos jogadores, muito fraterno, muito alegre. Num dia desses, eu estive numa reunião lá, eu nem sabia desta homenagem, lembrei do Padre Augusto e da Dona Zélia Caetano Braum. Lembrei daquela época, daquele carinho que os jogadores tinham com sua torcida, com seu povo, e o trabalho que era feito nos Eucaliptos, nos anos sessenta, Padre Augusto. Tem uma capelinha construída por sua iniciativa, a D. Zélia, e um gurizão sempre junto. Esta é a história de um nome que está sendo homenageado por esta Casa.

Quero aqui parabenizar o nosso Ver. Nedel, hoje presidindo esta Sessão, que teve a brilhante idéia de homenagear uma pessoa que tem uma história. Tenho certeza de que todos vocês que estão aqui hoje e os que não puderam comparecer têm a história do nosso homenageado gravada no fundo da alma.

Sempre digo: a nossa vida aqui é uma passagem, mas o mais importante da vida de cada um de nós é o que a gente deixa na História. O bom é que as outras pessoas poderão ler e ouvir de outras pessoas as coisas boas que a gente fez aqui neste planeta Terra.

Padre Augusto, eu me sinto gratificado hoje. Talvez falando da sua pessoa, nesta homenagem que o senhor está recebendo, que esta Casa está-lhe prestando, tenho certeza de que é um excelente presente de Natal que recebi em 2002: poder dizer estas palavras, homenageando uma pessoa tão querida, fraterna e humana, que me calou fundo e também calou fundo na nossa gente do Rio Grande e do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra pelo seu Partido, o PTB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. João Carlos Nedel, que preside esta Sessão Solene e também é o proponente desta justa e merecida homenagem ao Monsenhor Augusto Dalvit, nosso mais novo Cidadão de Porto Alegre. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Presente, aqui, um pedaço da nossa comunidade católica. Falar do Monsenhor Augusto Dalvit é muito fácil, pela sua atuação pastoral e pela sua atuação, também, nos meios de comunicação através dos anos, oficiando missas, fazendo pregações, um dos fundadores que é da Rádio Aliança, que, constantemente, estou assistindo aqui. Já foram mencionados a Zélia e o próprio Labrea. É muito fácil falar da história magnífica deste Pastor de Cristo, de Deus. Eu diria o seguinte: Monsenhor Augusto Dalvit é uma figura carismática, Professor Sanseverino, e tem uma voz singular. Se nós o colocarmos a falar aqui, pelo rádio e tal, as pessoas já identificam: é o Monsenhor Augusto Dalvit. Ele não só marcou a nossa retina, pelo seu porte de pregador, mas também os nossos ouvidos. É uma marca singular dele que ficou. Eu que assisti a tantos atos celebrados por ele, enfim, também, em rádio e televisão. Ele é uma figura conhecidíssima da Cidade.

Aqui, Monsenhor Augusto Dalvit, quando fala o Vereador, está falando a Cidade. E mais do que o proponente, todos nós aqui que nos manifestamos, quem quer agradecer a V. S.ª é a cidade de Porto Alegre; é a cidade de Porto Alegre que quer abraçar V. S.ª pelo muito e muito que V. S.ª tem feito a nossa Cidade, ao nosso Estado, não só na sua pregação cristã, oficiando os atos, por assim dizer, protocolares, litúrgicos da Igreja, mas pela sua atuação como líder. Via de regra, quando homenageamos e falamos do padre, do monsenhor, do pároco, damos um sentido quase que exclusivamente espiritual, mas a atuação do pároco é uma atuação de liderança na comunidade. O centro que se forma em torno da Igreja tem no pároco o líder. A liderança exerce papel relevantíssimo no desenvolvimento da Cidade. Eu aqui não precisaria dizer da importância que o senhor teve nas paróquias por onde passou com a sua palavra de fé, de consolo, dizer do seu papel para a Cidade.

Nós temos concedido vários títulos nesta Cidade, agora, creiam todos, este Título é de extrema justiça, de verdade, de verdadeira justiça, porque exatamente o nosso homenageado, o nosso padre, o nosso bom padre, o nosso bom senhor, o nosso Monsenhor, é um homem que tem, ao longo do tempo, devotado a sua vida, o seu esforço e a sua energia na busca da palavra de Deus e na busca de consolar e de ajudar o próximo. Então, V. S.ª é uma figura que, além de pastor, representante de Deus, é uma figura santa, como já disse o Ver. Nedel. É uma figura santificada por Deus para ajudar aos seus semelhantes.

Quantas e quantas pessoas V. S.ª já batizou, crismou, casou? Em quantos sermões V. S.ª acalmou as almas, muitas vezes, em conflitos? E, com a sua palavra, com a sua dedicação, com os seus conselhos, a quantos e quantos - diria milhares - mostrou o caminho do bem e da verdade.

Então, V. S.ª hoje recebe o agradecimento da Cidade, que lhe quer muito bem. Talvez V. S.ª não tenha, por modéstia, a dimensão do quanto a Cidade lhe quer bem, porque é mais de meio século de dedicação às atividades cristãs, católicas, religiosas, pregando o bem, pregando a palavra de Deus, a palavra de Cristo. Então, para a Câmara Municipal de Porto Alegre, é um grande momento este a que estamos assistindo, pois temos a oportunidade de agradecer a essa figura notável, singular, do nosso querido Monsenhor Augusto Dalvit.

E V. S.ª vai continuar fazendo a pregação que sempre fez, trabalhando e ajudando os enfermos naqueles momentos dramáticos e difíceis para todos nós.

E, nós, a maioria, somos católicos; pertencemos a um País católico. Como é bom ter o padre, a palavra do padre, naqueles momentos em que as pessoas mais necessitam, nos momentos de dor, de enfermidade.

Então, V. S.ª é exatamente isso, é um predestinado por Deus para fazer o bem, para ajudar o próximo, seja ele pobre ou rico, não importa. Portanto, receba o nosso agradecimento e o agradecimento da Cidade por tudo o que tem feito e pelo muito que haverá de fazer, porque a Cidade precisa continuar com o seu trabalho, com a sua luta, com a sua pregação, porque isso representa melhor qualidade de vida para a própria população. Então, receba a nossa efusiva saudação, pelo trabalho que V. S.ª realiza. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Beto Moesch está com a palavra e falará em nome do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu, desde cedo, já ouvia, principalmente nos churrascos de domingo, em casa, o nome desta figura, Monsenhor Augusto Dalvit, principalmente através de meu pai e do padre Olavo, que nas conversas de família destacavam a atuação na comunidade porto-alegrense e do Estado do Rio Grande do Sul, do Monsenhor Dalvit. Aos poucos, fui entendendo por que é que se falava tanto do Monsenhor Dalvit, uma figura que passou por diversas paróquias, por hospitais como o da Brigada Militar e principalmente o Ernesto Dornelles e que participou de inúmeros eventos como a Ação Católica. Foi coordenador da Campanha da Fraternidade Estadual e Arquidiocesana, Coordenador Regional e Arquidiocesano da Comunicação Social, Diretor Espiritual de um dos movimentos mais importantes e que oxigenou a vida católica, o da Renovação Carismática, e assim por diante. Uma figura que acredita na palavra de Deus, que tem profunda fé, e que justamente por isso sabe o desafio de levar a toda pessoa, seja ela qual for, essa divina mensagem. Ele entendeu, já há muito tempo, que a sociedade evolui e é isso, justamente, o que Deus quer, mas que nessa evolução, em todas as instituições existentes, deve estar ali a palavra de Deus e os princípios do Evangelho, e daí o extraordinário desafio de evangelizar, mas que por isso entendeu, justamente, que através dos meios de comunicação é que se deve dar a evangelização, porque é aí que se atinge, e de forma mais eficaz, essas pessoas a que nos referimos.

Juntamente com o Monsenhor Avelino Della Vecchia, nosso Monsenhor Avelino, Pároco da minha Igreja, a Igreja São Sebastião, criaram a Rádio Aliança ali nas dependências da Igreja São Sebastião, e o Monsenhor Avelino Della Vecchia, juntamente com o Monsenhor Dalvit foram os grandes entusiastas da Rádio Aliança. Quantas vezes chimarreamos com Deus na Rádio Aliança? Assim como em vários outros programas, porque através da Rádio Aliança Deus quer falar contigo.

Há pouco estávamos conversando ali na Sala da Presidência, e o Monsenhor Dalvit estava nos relatando, emocionado, sobre a campanha para adquirir a casa, hoje alugada, da Rádio Aliança. Há diversos apoios, mas destacando, por exemplo, o da mendiga, que recolheu vinte reais e os depositou para colaborar na aquisição da Rádio Aliança, ou daquele outro reciclador de latinhas de alumínio que destinou 10% do que recolheu a essa campanha. O Monsenhor Dalvit, então, dizia que por traz disso, certamente, estava Deus, porque Deus queria, justamente para essa evangelização que o Monsenhor Dalvit mostrou necessária por intermédio dos meios de comunicação, que a Rádio Aliança continuasse ali naquela casa na Av. Protásio Alves, dentro da Paróquia São Sebastião.

Portanto, Monsenhor Dalvit, quero aqui dar o testemunho do extraordinário trabalho que o senhor vem fazendo, durante todos esses anos, de forma dedicada, de forma convicta, levando a mensagem de Deus para todas as pessoas, lá para os doentes, para os pobres e grandes massas por intermédio dos meios de comunicação da palavra de Deus. Portanto, muito mais do que parabenizá-lo, nós Vereadores, casualmente todos que falaram aqui fazem parte do Movimento dos Vereadores Católicos, idéia de Dom Antônio Cheuíche, que nós levamos adiante, porque nós leigos precisamos sempre de uma pessoa do clero para nos orientar e nos espiritualizar, assim como o clero precisa dos leigos para levar adiante essa evangelização.

Grande desafio do século XXI, por intermédio das palavras de João Paulo II: as missões populares. Conhecedores disso, queremos, acima de tudo, agradecer o seu extraordinário trabalho e o seu exemplo a todos nós. Parabéns. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): É chegado o momento mais importante da nossa Sessão Solene, a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit.

Em nome dos poderes constituídos no Município, farei a entrega do Diploma e com a anuência de todos os Srs. Vereadores, convidamos Zélia Caetano Braum para fazer a entrega da Medalha. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega da Medalha.) (Palmas.)

 

O Monsenhor Augusto Dalvit, o novo Cidadão Honorário de Porto Alegre, está com a palavra.

 

O SR. MONSENHOR AUGUSTO DALVIT: A minha primeira palavra é de louvor ao nosso Deus que me deu a vida. Mas também é de louvor à Egrégia Câmara Municipal que me torna, a partir desse momento, cidadão de uma cidade onde eu vivo e moro há cinqüenta e quatro anos.

Sinto-me muito feliz. Quero saudar inicialmente o Ver. João Carlos Nedel que preside a minha Sessão, e foi quem me apresentou para eu receber este Título. É um Título que me honra. Com certeza, senti-me emocionado em diversos momentos, quando os Srs. Vereadores diziam que a cidade de Porto Alegre me devia este Título. Eu não sei se sou humilde, ou se sou vaidoso; de qualquer maneira, eu me sinto muito gratificado. Foi a Cidade a que eu vim com nove dias de padre, vim morar aqui, e sempre fiquei aqui.

Saúdo todos com muita alegria, e quero dizer a todos uma primeira palavra: “Se o Senhor não construir a nossa casa, onde irão trabalhar os seus construtores? Se o Senhor não vigiar a nossa Cidade, em vão vigiarão as sentinelas. Salmo 126.”

É um feito para mim este momento, esta Casa, esta Cidade da qual eu agora participo como Cidadão. Esta Cidade, que precisa da vigilância de Deus, para que ela possa cumprir toda a sua tarefa, tudo a que ela cabe cumprir. Devo manifestar a minha gratidão a Deus por viver este momento especial da minha vida de sacerdote da Igreja aqui em Porto Alegre.

Agradeço ao Ver. João Carlos Nedel, que apresentou o meu nome à Câmara Municipal para receber este Título Honorífico; à Egrégia Câmara Municipal, que me concede o Título por sua unanimidade; agradeço por me agregar como concidadão dos porto-alegrenses, com os quais estou identificado por mais de meio século.

Vi Porto Alegre crescer, conheci o seu povo, convivi com tantas pessoas no Ministério Sacerdotal, não somente com os fiéis do rebanho, mas também com muitos outros que, ao longo dos anos, eu tive a graça de conhecer e com eles conviver: irmãos de outras igrejas, pessoas que não participam da vida da Igreja Católica; muitos pobres. Eu sempre amei os pobres, porque eu vim de uma família humilde, modesta, simples e aprendi a amar os pobres.

Aprendi a conhecer a Cidade no dia-a-dia de sua história e amá-la de coração. Não digo isso agora por ser a minha Cidade, digo, na prática, há muito tempo: eu amo Porto Alegre, e nem sei como eu ficaria numa outra cidade, agora, já no declínio dos meus anos, talvez mais próximo do Céu do que da Terra. Num caminhar para esta realidade que transcende a vida humana e que é o fim de todos nós.

Aprendi a amar esta Cidade. Uma aliança de meio século não se rompe facilmente, cultiva-se, purifica-se de egoísmos e vaidades, talvez; liberta-se de possessões e chega à grandeza do servo e do irmão. Na linguagem no Evangelho: o servo, o irmão.

Sofri os sofrimentos da Cidade, cantei as alegrias, procurei oferecer a minha colaboração para o bem, a favor dos valores da vida e da fé. Da fé num Deus que é Pai e Salvador.

Sempre cuidei mais dos pobres do que dos ricos, não por ideologia, pois eu não tenho ideologia. Eu vivo da doutrina da fé. O meu inspirador é Jesus Cristo.

Vivi momentos de lágrimas, também, pelos amigos que se foram, que partiram deste mundo; chorando com as famílias e a saudade dos que partiram. Em cinqüenta e quatro anos de sacerdote eu preparei milhares de pessoas para partirem para a casa do Pai, muitas outras milhares eu fui até o último descanso. Por isso também chorei muitas lágrimas da dor das famílias na minha Cidade, mas também muitas alegrias pelas vidas que iam chegando. Encontrei-me, noutro dia, com uma senhora que tem agora mais de quarenta anos, ela me disse: “O senhor não se lembra? Esteve no quarto de minha mãe quando eu nasci lá no Hospital Ernesto Dornelles.” Aí eu disse: “Não force a minha pobre memória, mas me diga o seu nome, por favor!” A memória das pessoas é a gratidão da gente.

Nenhuma desgraça, nenhum sofrimento me abateu. Aprendi de minha família a pôr a minha confiança no Senhor que fez o Céu e a Terra. Por isso é que pondo a confiança no Senhor nada pode nos abater.

Sou um homem de fé, graças a Deus, capaz de amar, de servir; educação essa que recebi de minha família e de minha Igreja. No meu Seminário, dos meus velhos Mestres Jesuítas - aqui tem um, o Padre Sereno -, e entre os meus grandes Mestres Jesuítas, um nome vou citar, que vocês conhecem: o Padre João Baptista Réus, esse me ensinou a rezar missa, era professor de Liturgia.

Quanto ao título de honra que a Cidade me concede, que Porto Alegre me concede através das autoridades constituídas, Vereadores desta Cidade, eu quero repartir; já reparti com Deus nosso Senhor, dei para Ele 99% e fiquei com 1% para mim, pois tudo que eu tenho vem do Senhor. Mas eu quero repartir com tantas outras pessoas que também não nasceram em Porto Alegre, mas que deram a vida inteira e contribuíram para a grandeza desta Cidade, que vieram de fora. Eu quero repartir com todos e não ficar só para mim essa glória, essa gratidão da egrégia Câmara Municipal. Os Vereadores que falaram, a começar pelo Ver. Nedel, cada um deles eu ouvi com muita atenção. Eu disse a todos, na hora do abraço, que eles foram muito generosos comigo.

Permitam que eu fale sobre a alma da Cidade. Todo o corpo da Cidade: são as construções, são os edifícios, são as grandes avenidas, são as ruas, todo o corpo material de Porto Alegre; há cinqüenta e quatro anos, Porto Alegre era uma cidade média, nem a Av. Farrapos estava construída, foi o Prefeito Loureiro da Silva quem a construiu, se a memória não me falha, e foi muito criticado, porque desapropriou casas para abrir uma Avenida que não teria sentido no futuro - ela está tão pequena agora, tão estreita. Ele era um homem de visão.

Eu vi Porto Alegre crescer, embelezar-se e humanizar-se, não 100%, porque na nossa Cidade ainda há muitos crimes, muitos pecados. Sinto-me agora ainda mais comprometido, porque a Câmara Municipal me delega a tarefa de poder construir mais, ajudar mais e melhor para que a nossa Cidade, amada Porto Alegre, tenha uma vida mais segura para todos.

A alma da Cidade vê-se refletida em tantos rostos alegres e muitos outros rostos sofridos, carregados de fadigas, muitas fadigas e tantas outras frustrações também; porém, a alma da cidade de Porto Alegre que hoje me adota como Cidadão, é uma alma religiosa, feita de tradição cristã, sedenta da verdade, da justiça, do bem. Às vezes parece meio confusa, outras vezes parece meio desligada, mas é a alma de nosso povo. Esta alma deve ser ajudada e ser construída, porque é o povo que é a alma da Cidade. O corpo da Cidade é toda a sua fisionomia física, a alma da Cidade é que cabe a nós irmos construindo, uma alma que está aberta aos anseios de uma vida de trabalho, de família e de fé. Assim, entendendo a alma de nosso povo, de meus concidadãos porto-alegrenses, teremos nós todos condições melhores de ajudar este povo a ser mais feliz. E permitam que eu diga: depois desse Título de Cidadão da minha Cidade, o que eu almejo é ser Cidadão do Céu. (Palmas.)

Em vão trabalham os trabalhadores para construir a casa, se Deus não lhes der o vigor. Em vão cuidam os vigilantes da vigilância se o Senhor não for aquele que vigia. Não é Sanseverino? Eis um homem de Deus sentado lá naquele canto. (Palmas.) Eis um homem de Deus sentado aí: o seu Guilherme. (Palmas.) Cito só estes dois nomes para que cada um de nós veja os modelos.

Os Vereadores me deixaram meio humilhado, quando me chamaram de Santo. Eu fiz um exame de consciência rápido e disse: ”Tenho que ir me confessar, porque disseram que eu sou Santo e eu não sou.” Mas eu desejo ser. Volvo agora o meu olhar agradecido à terra de minha origem – Guaporé- e recordo este nome, o Município onde eu nasci.

Volvo o meu olhar à minha família, Francisco e Josefina. Aqui tenho duas irmãs minhas, a Inês e a Glória. Volvo o meu olhar à minha família, a família da gente. Volvo o meu olhar à minha Igreja, que muito amo, e por ela também muito sofro. Muito amo e muito sofro, porque muito se sofre por aquilo que se ama. Mas por que sofro por minha Igreja? Porque eu a amo e porque ela nem em mim é tão santa como devia ser.

Volvo o meu olhar para o Senhor para dizer: “Senhor, muito obrigado porque um dia o Senhor me fez, me teceu misteriosamente no seio de minha mãe, tecido a tecido, me elegeu, me escolheu entre dez irmãos para ser sacerdote. E, depois, cinqüenta e quatro anos de sacerdote, caminhando para os cinqüenta e cinco anos, repito agora aquilo que disse no dia da minha ordenação, das mãos do amado e querido Cardeal D. Vicente Scherer: “É só isso que sonhei na minha vida, ser padre, mais nada que padre, sempre padre.” (Palmas.)

Muito obrigado, Nedel, foi você quem me tornou, pela sua apresentação, candidato a Cidadão Porto-Alegrense. Obrigado, Srs. Vereadores, foram os senhores que me fizeram Cidadão. E me sinto agora um pouco colega de vocês. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Ouviremos o cantor Ernesto Fagundes, a seguir, acompanhado de seu violão, interpretar a música intitulada “Graças dou por esta vida “.

 

(Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)

 

O ilustre cantor Ernesto Fagundes foi convidado e imediatamente aceitou homenagear o nosso querido Monsenhor Augusto Dalvit. Nós agradecemos especialmente a tua dedicação e esta bonita canção. Todos nós damos graças pelas nossas vidas, especialmente pela vida do Monsenhor Augusto Dalvit, que tanto bem trouxe e continuará trazendo a nossa Cidade. Muito obrigado Ernesto Fagundes pela tua gentileza, pela tua dedicação, pela tua homenagem a este grande homem, Monsenhor Augusto Dalvit.

Eu tenho também aqui ao meu lado José Sperb Sanseverino, que já é Cidadão de Porto Alegre por lei, só que ele decidiu receber o Prêmio no ano que vem, no ano em que a Santa Casa comemora duzentos anos de fundação. (Palmas.)

Ele pediu para observar que é a Santa Casa que está fazendo duzentos anos!

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a todos pela presença e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h36min.)

 

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